quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Pax Romana


A oratória impressiona. Fala como os antigos líderes dos livros de História. A postura impecável de Barack Obama, para todos os efeitos um negro, ainda dá o tom épico da vitória. Afinal de contas, o Estados Unidos é a pátria do racismo, do preconceito e do conservadorismo, certo? Tanto quanto o Rio Grande do Sul é a terra do machismo, mas elegeu uma mulher.

Que mais não seja, pelo menos alguns tabus e preconceitos alimentados durante muito tempo contra os gringos talvez sejam revistos. De resto, a fórmula democrata de governar em muito se assemelha ao que existe no Brasil lulista. Alta carga tributária para financiar assistencialismo, protecionismo nacionalista, liderança populista, etc. Mas duvido que a política externa mude em alguma coisa. Os inimigos ainda estão lá, e presidente nenhum pode dar as costas a eles sob o risco de cair em desgraça junto ao seu povo.

As guerras, invasões e “políticas intervencionistas” devem continuar normalmente, o que vejo como algo positivo. A luta por poder no teatro internacional nunca cessa, e prefiro ter uma república democrática na vanguarda do planeta do que alguma teocracia maometana atômica. E muitos desses inimigos já se manifestaram favoráveis ao novo presidente, mas creio que com a idéia de encontrar ali uma fraqueza, não uma aliança.

Não, Obama não traz a “paz e união”. Não no sentido que seu eleitorado espera. Ele não é, nem pode ser, um pacifista. A paz que ele traz é a paz de Roma. E a pax romana é uma paz armada e agressiva.Que seja!

O discurso da vitória, em duas partes: Parte 1 e parte 2

Um comentário:

Diego disse...

Bem, só o 'protecionismo nacionalista' já vai afetar um pouco na política externa. Se bem que eu gostaria de ouvir deles "não vamos deixar essas empresas brasileiras roubarem nossas riquezas!" hehehe. Quem sabe assim, no Brasil, as pessoas olhem com outros olhos as empresas de fora.