quinta-feira, 30 de novembro de 2023

Que diabos é isso aqui?

 Hoje é dia 30 de novembro de 2023, poucos dias depois do teu aniversário de 17 anos, e resolvi colocar no papel (no caso, em uma tela de celular conectado ao Blogger) uma ideia que vem cozinhando há algum tempo na minha cachola: uma pequena compilação de pensamentos, dicas, recomendações, conceitos que, talvez, façam alguma diferença na tua vida. A ideia é entregar pra ti essa coleção no teu aniversário de 18 anos. Se estás lendo isso, provavelmente funcionou.  Considerando minha incapacidade de levar projetos pessoais a uma conclusão satisfatória, isso é algo não menos que surpreendente.

Por que decidi por escrever essa compilação? Não seria mais fácil e até mais interessante conversar contigo sobre todos esses tópicos? Bom, sim, eu diria que o ideal seria mesmo sentar contigo e gastar muitas e muitas horas conversando sobre as coisas do mundo e da vida. Mas a realidade se impõe: para uma adolescente nada é mais entediante que ter "conversas sérias" com o velho. Eu sei. Acredite se quiser, já fui aborrecente.

Eu não sei exatamente o que vais encontrar por aqui. Quer dizer, tenho algumas ideias mas não um roteiro preciso. Vou tentar manter os textos curtos e os assuntos variados e, na medida do possível, fazer com que sejam de leitura simples e (espero) não tão entediantes. Escrever sobre inflação sem ser entediante é um desafio e tanto...

Não espero, Pimpo, que leias isso aqui em uma sentada. Nem ao menos que comeces a leitura assim que receberes a forma impressa dessa compilação (encadernada pelo vô Beco!), mas que guardes com carinho e quem sabe no futuro, se bater uma saudade ou curiosidade, possas ouvir teu pai tagarelando. 

Te amo.


domingo, 22 de janeiro de 2017

O fim da pax americana?

"Com grandes poderes vem grandes responsabilidades" Tio Ben Trump foi eleito presidente da maior potência mundial, os Estados Unidos da América. E agora? Agora vamos dar uma espiada nas ideias defendidas por este camarada, e a razão pela qual eu acredito ele representar um risco à paz mundial. E as razões, ficará claro ao longo do texto, são curiosas e não intuitivas. Ele não é, como alguns sempre temeram que um dia viesse a acontecer, um Senhor da Guerra, pelo contrário. Trump não acredita em livre comércio, ou globalização. Para ele, tais coisas são "job killers". Ele é protecionista. Isolacionista. Trump possui um discurso nacionalista, e o próprio motto adotado na campanha deixa isto bastante claro. Ele pretende dificultar a vida de imigrantes ilegais mexicanos e que tais. Isolacionista. Trump é populista e tem sua base de apoio em trabalhadores mais pobres do interior americano, que como normalmente acontece na maior parte dos lugares são atraídos pelo discurso nacionalista e protecionista citados anteriormente. Ele será pressionado para transformar o discurso em realidade política. Trump, tal qual um populista latino americano, pretende lançar um programa de crescimento que em muito lembra nossa "Nova Matriz Econômica", aumentando os gastos com infraestrutura para gerar empregos e alavancar a economia artificialmente. Nós sabemos como isso pode terminar. Ah! Nós sabemos! Trump lamenta que o arsenal nuclear americano esteja obsoleto, sugerindo uma renovação nesta área. Trump sinaliza uma aproximação com a Rússia de Putin, que abertamente alimenta pretensões expansionistas na região. Trump promete remover o Estado Islâmico do mapa. Do que consegui levantar, estas serão as bases de sua administração, levando em consideração o discurso. Uma administração que se preocupa bem mais com questões internas do que externas. Uma que em muito lembra a administração de qualquer republiqueta de bananas, com apelo emocional aos trabalhadores e pobres ao melhor estilo "precisamos proteger o que é nosso". E como algo assim oferece risco à paz mundial? Quem já leu até aqui já deve ter uma ideia. Desde o fim da Guerra Fria, os Estados Unidos assumiram a liderança política e militar incontestável do mundo, e desde então (e até antes disso), vivemos sob o que alguns chamam de Pax Americana, em referência a Pax Romana que vigeu durante o período imperial romano. Isto acontece por uma razão que me parece bastante óbvia: a simples ameaça do uso da força mantém Estados problemáticos (troublemakers states, no jargão americano, que pode ser traduzido também como Estados-marginais)sob controle. Com um presidente que não demonstra interesse em questões globais, parece natural que tais Estados fiquem tentados a "testar" a nova ordem. Eis o problema. Não se sabe com certeza se Trump realmente não se importa com tais questões, ou se ele simplesmente achou que tal discurso não teria apelo entre seu eleitorado, mas o mero fato de ter deixado de lado estes assuntos pode ser o suficiente para que os marginais do mundo interpretem o ato como fraqueza. Exceto por uma ameaça ao Estado Islâmico, uma referência ao arsenal nuclear obsoleto e uma aproximação com a Rússia, estamos no escuro. Assim, observem as seguintes regiões e países pelos próximos quatro anos: Rússia e Ucrânia; Rússia e os Bálcãs; Índia e Paquistão; Coreia do Norte; Observem a proxy war entre Arábia Saudita e Irã, no Iraque; Mar do sul da China; Israel e vizinhos. As chances são de que pelo menos algumas dessas regiões (e talvez outras mais) entrem em conflagração. Se isso acontecer de forma gradual, uma reação rápida e energética pode estancar o problema. Em um worst case scenario, várias regiões entram em combustão e as consequências estão além de qualquer previsão. De qualquer forma, nada parece muito promissor. Há anos escuto e leio de gente esquerdista sobre o horror da política intervencionista imperial estadunidense. É a crítica que o idiota latino-americano adora fazer sempre que tem a oportunidade de discursar sobre o Grande Satã do Norte. E agora, finalmente, o país conseguiu produzir o que parece ser um isolacionista convicto, um populista consumado e um interventor para deixar qualquer keynesiano orgulhoso. Um que inclusive pertenceu ao Partido Democrata há não muito tempo, diga-se. Alguém disse certa vez que não existe vacância de poder no mundo, e me agrada que ocupando esta posição esteja uma democracia liberal e capitalista. E a você?

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

A lógica de tudo


Em minha pequena biblioteca existe um canto especial que eu chamo “estante relevante”, onde eu coloco livros que eu considero, adivinhe só, relevantes. O critério para um livro ser colocado neste canto é simples: ele precisa ter mudado minha forma de ver o mundo ou tenha condições, na minha opinião, de fazer o mesmo com outras pessoas. Este canto também é bastante desfalcado, já que em virtude do segundo critério costumo empurrá-los aos amigos que demonstram algum interesse.

Nesta estante habitam Stuart Mill, José Hernández, Jared Diamond, Friedrich Hayek, Richard Dawkins, Francisco Doratioto, Voltaire, Janer Cristaldo, John Keegan, Milton Friedman e vários outros. Parte destes autores não possui consagração mundial nem foram traduzidos para dez idiomas, mas como disse antes o importante para merecer o espaço é ter mudado minha forma de ver o mundo, ou que eu acredite ser capaz de fazer isto por outros. Mas não era exatamente sobre minhas estantes que eu queria falar, mas de um interessante acréscimo a elas.

O nome do livro é “A Lógica da Vida”, de Tim Harford, e sua tese central é a de que as pessoas agem de forma racional a maior parte do tempo, mesmo quando a estupidez parece mais do que evidente. O autor é economista e da mesma forma como Steve Levitt, autor de Freakonomics, aplica princípios da economia para compreender as coisas da vida. E ele convence. Poder de escassez e barganha, oferta e demanda, incentivos, motivações e, num súbito, parece elementar a razão de prostitutas não usarem camisinha, como o racismo pode ser lucrativo, os salários milionários de CEOs, a ignorância racional dos eleitores, etc.

É um livro relativamente pequeno, mas de leitura agradável e com uma sacada bem esperta. A importância que vejo nele, o que fez com que ele caísse na “Estante Relevante” é a capacidade que possui de fazer o sujeito pensar de maneira lógica para entender o que nos cerca. Existe uma razão para tudo, é só uma questão de fazer as perguntas certas.

Recomendo vivamente.

sábado, 20 de fevereiro de 2010

A Intentona de 2010


Eu não gosto do Lula. Não gosto da forma como a atual administração tenta mitigar os problemas reais de pobreza, saúde, educação e segurança. Nossa política externa é uma calamidade. Em termos de economia, estamos ainda muito longe de uma administração liberal, verdadeiramente capitalista. Não gosto da forma como o presidente se apresenta e o considero inapto para liderar uma nação.

Mas Lula tem seus méritos, e o principal deles foi ter rompido com a ala conservadora de seu partido, aquela porcaria do PT. O Cara é, ou tenta ser, um pragmático: esforçou-se em tentar reduzir a importância da ideologia e tentou valorizar aquilo que ele acredita que funciona melhor. Nesse espírito, tentou manter mais ou menos intocada a política econômica inaugurada ainda por FHC. Já é alguma coisa.

Mas agora, em final de mandato, com o Lula tentando emplacar uma sucessora, o Partido, uma congregação de comunistas velhos e oportunistas começa a afiar as velhas e obsoletas espadas. Leio no Estadão que durante o 4º Congresso Nacional do Partido, os comunossauros resolveram “radicalizar o programa de governo” da candidata do Lula. Censura, perseguição aos militares, aproximação com MST, apoio incondicional ao PNDH -3, mais proteção trabalhista, etc. Está tudo lá, o bom e velho PT não mudou absolutamente nada. Durante todos estes anos o que manteve a petralhada sob controle foi o barbudo.

Mas a Dilma, ao contrário do Lula, não conta nem com o senso de pragmatismo nem com a popularidade do barbudo. Com a Dilma na presidência, quem de fato governaria seria o PT. No Estadão leio que o barbudo considera os congressos do PT como grandes feiras ideológicas onde se vende e se compra de tudo, dando a entender que nem tudo que se diz nestes eventos deve ser levado a sério, e que o Partido terá "sabedoria" para não jogar fora a experiência acumulada em quase oito anos de governo. “Isso é riqueza que nem o mais nervoso trotskista seria capaz de perder” disse ele, cheio de esperança. Seria nosso presidente um tolo ou um cego? Não importa, na verdade. No final, a intentona de 35 pode, enfim, conquistar o poder em nossa pátria.

Eu não gosto do Lula, mas, deus me livre, o que vem depois pode ser pior. Muito pior.

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Tempos estranhos


Hoje eu escandalizei alguns amigos, durante uma discussão, ao dizer que algumas sociedades são mais civilizadas, ou desenvolvidas, do que outras. E que poderia, mesmo sendo ateu, reconhecer vestígios dessa civilização inclusive na religião dessas sociedades mais desenvolvidas (na arquitetura de catedrais, mesquitas e templos budistas, por exemplo, ou na própria liturgia, indumentária, música e aí por diante). Parece que para alguns a humanidade conheceu seu melhor momento no paleolítico, e que para o paleolítico deveria voltar.

Vivo em tempos estranhos.

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Uma imagem gloriosa


O cowboy lunático na nossa embaixada que não é embaixada*, mas que foi transformada em palanque, comandando uma guerra civil enquanto a bandeira brasileira, hasteada de forma incorreta, tremula gloriosa ao fundo.

Épico!

*Como o Brasil retirou a representação diplomática do país, a casa é apenas uma casa, não possuindo status de embaixada.

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Lula por ele mesmo

http://www.youtube.com/watch?v=83WUqpvddq8

Quando o assistencialismo era promovido pela socialdemocracia de FHC Lula achava uma desgraça, uma exploração da miséria do povo. Depois, bom, depois os que criticam o assistencialismo promovido por ele mesmo são imbecis e ignorantes.