quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

A lógica de tudo


Em minha pequena biblioteca existe um canto especial que eu chamo “estante relevante”, onde eu coloco livros que eu considero, adivinhe só, relevantes. O critério para um livro ser colocado neste canto é simples: ele precisa ter mudado minha forma de ver o mundo ou tenha condições, na minha opinião, de fazer o mesmo com outras pessoas. Este canto também é bastante desfalcado, já que em virtude do segundo critério costumo empurrá-los aos amigos que demonstram algum interesse.

Nesta estante habitam Stuart Mill, José Hernández, Jared Diamond, Friedrich Hayek, Richard Dawkins, Francisco Doratioto, Voltaire, Janer Cristaldo, John Keegan, Milton Friedman e vários outros. Parte destes autores não possui consagração mundial nem foram traduzidos para dez idiomas, mas como disse antes o importante para merecer o espaço é ter mudado minha forma de ver o mundo, ou que eu acredite ser capaz de fazer isto por outros. Mas não era exatamente sobre minhas estantes que eu queria falar, mas de um interessante acréscimo a elas.

O nome do livro é “A Lógica da Vida”, de Tim Harford, e sua tese central é a de que as pessoas agem de forma racional a maior parte do tempo, mesmo quando a estupidez parece mais do que evidente. O autor é economista e da mesma forma como Steve Levitt, autor de Freakonomics, aplica princípios da economia para compreender as coisas da vida. E ele convence. Poder de escassez e barganha, oferta e demanda, incentivos, motivações e, num súbito, parece elementar a razão de prostitutas não usarem camisinha, como o racismo pode ser lucrativo, os salários milionários de CEOs, a ignorância racional dos eleitores, etc.

É um livro relativamente pequeno, mas de leitura agradável e com uma sacada bem esperta. A importância que vejo nele, o que fez com que ele caísse na “Estante Relevante” é a capacidade que possui de fazer o sujeito pensar de maneira lógica para entender o que nos cerca. Existe uma razão para tudo, é só uma questão de fazer as perguntas certas.

Recomendo vivamente.

sábado, 20 de fevereiro de 2010

A Intentona de 2010


Eu não gosto do Lula. Não gosto da forma como a atual administração tenta mitigar os problemas reais de pobreza, saúde, educação e segurança. Nossa política externa é uma calamidade. Em termos de economia, estamos ainda muito longe de uma administração liberal, verdadeiramente capitalista. Não gosto da forma como o presidente se apresenta e o considero inapto para liderar uma nação.

Mas Lula tem seus méritos, e o principal deles foi ter rompido com a ala conservadora de seu partido, aquela porcaria do PT. O Cara é, ou tenta ser, um pragmático: esforçou-se em tentar reduzir a importância da ideologia e tentou valorizar aquilo que ele acredita que funciona melhor. Nesse espírito, tentou manter mais ou menos intocada a política econômica inaugurada ainda por FHC. Já é alguma coisa.

Mas agora, em final de mandato, com o Lula tentando emplacar uma sucessora, o Partido, uma congregação de comunistas velhos e oportunistas começa a afiar as velhas e obsoletas espadas. Leio no Estadão que durante o 4º Congresso Nacional do Partido, os comunossauros resolveram “radicalizar o programa de governo” da candidata do Lula. Censura, perseguição aos militares, aproximação com MST, apoio incondicional ao PNDH -3, mais proteção trabalhista, etc. Está tudo lá, o bom e velho PT não mudou absolutamente nada. Durante todos estes anos o que manteve a petralhada sob controle foi o barbudo.

Mas a Dilma, ao contrário do Lula, não conta nem com o senso de pragmatismo nem com a popularidade do barbudo. Com a Dilma na presidência, quem de fato governaria seria o PT. No Estadão leio que o barbudo considera os congressos do PT como grandes feiras ideológicas onde se vende e se compra de tudo, dando a entender que nem tudo que se diz nestes eventos deve ser levado a sério, e que o Partido terá "sabedoria" para não jogar fora a experiência acumulada em quase oito anos de governo. “Isso é riqueza que nem o mais nervoso trotskista seria capaz de perder” disse ele, cheio de esperança. Seria nosso presidente um tolo ou um cego? Não importa, na verdade. No final, a intentona de 35 pode, enfim, conquistar o poder em nossa pátria.

Eu não gosto do Lula, mas, deus me livre, o que vem depois pode ser pior. Muito pior.

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Tempos estranhos


Hoje eu escandalizei alguns amigos, durante uma discussão, ao dizer que algumas sociedades são mais civilizadas, ou desenvolvidas, do que outras. E que poderia, mesmo sendo ateu, reconhecer vestígios dessa civilização inclusive na religião dessas sociedades mais desenvolvidas (na arquitetura de catedrais, mesquitas e templos budistas, por exemplo, ou na própria liturgia, indumentária, música e aí por diante). Parece que para alguns a humanidade conheceu seu melhor momento no paleolítico, e que para o paleolítico deveria voltar.

Vivo em tempos estranhos.