segunda-feira, 22 de dezembro de 2008
O essencial Mises
"É fora de dúvida que a maior parte dos nossos contemporâneos está comprometida com uma interpretação errônea do vínculo produtor-consumidor. Ao comprar, os indivíduos se comportam como se só estivessem ligados ao mercado como compradores, e vice-versa ao vender. Como compradores, preconizam medidas severas para se protegerem dos vendedores; e, como vendedores, preconizam medidas não menos severas contra os compradores. Mas essa conduta anti-social que abala as próprias fundações da cooperação social não é uma conseqüência de um estado mental patológico. É o produto de uma mentalidade estreita que não chega a perceber como a economia de mercado funciona e nem consegue antecipar os efeitos finais que suas próprias ações haverão de provocar."
Trecho do texto retirado do capítulo XV, "O indivíduo e o mercado", da obra Ação Humana, de Mises. Um texto básico sobre funcionamento do mercado, sobre os equívocos do intervencionismo e da ignorância na percepção do papel do indivíduo na sociedade.
Texto completo, aqui.
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5 comentários:
Poder de síntese é tudo. Faz tempo que eu tento expressar essa idéia em menos de 200 linhas!
Nada que um domínio pleno sobre um assunto não ajude :)
Pois é, o legal do Mises e de outros autores da mesma escola é a clareza e a objetividade com que suas idéias são expostas. Diferente do que acontece com grande parte dos intelectuais de outras áreas, que primam por uma linguagem academicista, técnica e as vezes pedante, esses caras escrevem de forma que qualquer pessoa consiga entender.
E mais uma vez, a repetição infindável desses papagaios da teoria clássica anglo-saxã. O Mises só confirma uma das críticas mais arrebatadoras do Marx: justamente essa separação posterior e irreal de uma única materialidade concreta (a compra e a venda) como duas etapas distintas, ou como duas entidades de uma análise perfeita, representa uma das contradições intransponíveis da teoria econômica clássica. A teoria diz: é separado. A realidade retruca: somos uma coisa só. Vocês podem acreditar na mágica ilusória e psicológica dos clássicos (aqui reproduzida sem nenhuma novidade pelo Mises, mero agente político de valor intelectual ou filosófico nulo) ou rebaterem, de maneira tão incisiva quanto, a crítica materialista de Marx. Vejo vocês daqui a três séculos.
Eles me encontraram, afinal. Bem vindo!
Em tempo, alguém ainda discute materialismo histórico e mais-valia? Até onde me consta só a ala mais reacionária da esquerda ainda menciona estes tópicos...!
Infelizmente não estarei aqui em três séculos, mas fiquei curioso! O que irá acontecer? A História irá acabar? Hmmm!
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