
Em minha pequena biblioteca existe um canto especial que eu chamo “estante relevante”, onde eu coloco livros que eu considero, adivinhe só, relevantes. O critério para um livro ser colocado neste canto é simples: ele precisa ter mudado minha forma de ver o mundo ou tenha condições, na minha opinião, de fazer o mesmo com outras pessoas. Este canto também é bastante desfalcado, já que em virtude do segundo critério costumo empurrá-los aos amigos que demonstram algum interesse.
Nesta estante habitam Stuart Mill, José Hernández, Jared Diamond, Friedrich Hayek, Richard Dawkins, Francisco Doratioto, Voltaire, Janer Cristaldo, John Keegan, Milton Friedman e vários outros. Parte destes autores não possui consagração mundial nem foram traduzidos para dez idiomas, mas como disse antes o importante para merecer o espaço é ter mudado minha forma de ver o mundo, ou que eu acredite ser capaz de fazer isto por outros. Mas não era exatamente sobre minhas estantes que eu queria falar, mas de um interessante acréscimo a elas.
O nome do livro é “A Lógica da Vida”, de Tim Harford, e sua tese central é a de que as pessoas agem de forma racional a maior parte do tempo, mesmo quando a estupidez parece mais do que evidente. O autor é economista e da mesma forma como Steve Levitt, autor de Freakonomics, aplica princípios da economia para compreender as coisas da vida. E ele convence. Poder de escassez e barganha, oferta e demanda, incentivos, motivações e, num súbito, parece elementar a razão de prostitutas não usarem camisinha, como o racismo pode ser lucrativo, os salários milionários de CEOs, a ignorância racional dos eleitores, etc.
É um livro relativamente pequeno, mas de leitura agradável e com uma sacada bem esperta. A importância que vejo nele, o que fez com que ele caísse na “Estante Relevante” é a capacidade que possui de fazer o sujeito pensar de maneira lógica para entender o que nos cerca. Existe uma razão para tudo, é só uma questão de fazer as perguntas certas.
Recomendo vivamente.