segunda-feira, 16 de março de 2009
Eles ainda vivem
Há muito defendo a tese de que o germe do espírito totalitário está presente nos que acreditam possuir um conhecimento superior, redentor, sublime. Qualquer um que se crê possuidor de tal verdade elementar se sentirá obrigado a fazer com que seus semelhantes compartilhem desta verdade “para o bem da humanidade”. Neste sentido, o princípio maquiavélico que reza os fins justificarem os meios ganha vida. Afinal de contas, para salvar a humanidade ou a alma imortal alguns sacrifícios podem e devem ser feitos. A mente ideológica trabalha segundo este princípio.
Leio hoje no noticiário declaração do delegado Protógenes, famoso pela já muito discutida Operação Satiagraha, que “ocupar fazenda de banqueiro bandido é dever do povo brasileiro". Protógenes é Autoridade Policial, indivíduo responsável por cumprir e fazer cumprir a Lei e manter a paz social. Polícia existe exatamente em função destes dois princípios. A declaração do delegado é contaminada pela lógica da mente ideológica. Para ele, os fins justificam os meios, mesmo que isso signifique a violação direta e objetiva da Lei e o comprometimento da ordem pública. Essa incitação ao crime e ao estado de caos revolucionário, vindo de uma autoridade encarregada de nossa segurança é um sinal de que a ideologia que mais matou no século passado ainda nos assombra e é deveras poderosa.
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Um comentário:
Incitação ao crime ainda é crime? Poderíamos, seguindo a mesma lógica de Protó, invadir o banco que nos cobra juros escorchantes? Ou o supermercado que coloca preços acima do razoável? Ou o sus que não nos dá a assistência médica que merecemos?
A bestialização da mente humana é algo assombroso, realmente...
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